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Jovem de 14 anos ϻɒrta em escola, recebeu bilhete minutos antes dizendo q… Ver mais

Um crime chocante abalou a cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, no dia 8 de maio. Uma adolescente de apenas 14 anos foi brutalmente assassinada dentro da sala de aula do Colégio Livre Aprender, no Bairro Universitário. O autor do ataque foi um colega da mesma idade, aluno do 9º ano, que usou um objeto cortante para atingir a jovem. O caso ganhou repercussão nacional, levantando discussões profundas sobre violência nas escolas, saúde mental e segurança nas instituições de ensino.

Assim que o ataque aconteceu, um professor da escola — que também é estudante do 10º período de Medicina — prestou os primeiros socorros à vítima, enquanto aguardavam a chegada da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Apesar dos esforços dos socorristas para reanimá-la, a adolescente não resistiu aos ferimentos e teve a morte confirmada ainda no local.

O corpo foi encaminhado ao Posto Médico-Legal para exames periciais, enquanto a polícia iniciava uma intensa busca pelo agressor, que havia fugido logo após o ataque. Ele foi localizado pela Polícia Militar no final da tarde e apreendido. A investigação do caso ficou a cargo da Polícia Civil, que iniciou imediatamente a perícia na escola e a análise dos objetos pessoais dos envolvidos.

“Sentença de morte”: o bilhete macabro entregue momentos antes do crime

A brutalidade do ataque ganhou contornos ainda mais perturbadores quando o promotor André Tuma, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), revelou um detalhe estarrecedor: momentos antes do assassinato, o adolescente entregou à colega um bilhete que funcionava como uma “sentença de morte”.

Segundo Tuma, o papel encontrado pela polícia fazia referência a uma morte por estrangulamento. “Essa folha de papel é como se fosse uma sentença de morte. Mas o bilhete falava de uma morte por estrangulamento”, explicou o promotor, reforçando o caráter premeditado do crime.

Além do autor do ataque, outro adolescente de 14 anos, que também estudava na mesma turma e sentava-se ao lado da vítima, foi apreendido no dia seguinte. De acordo com as investigações, ele ajudou a planejar a fuga do colega e não alertou ninguém após o crime. “Assim que o autor executou o crime, o colega, o partícipe, saiu ao lado dele, caminhando, sem dizer nada a ninguém. Quando retornou, disse que teria ido procurar o executor. Mas, posteriormente, encontramos elementos que mostram que ele planejou a fuga junto com o autor. A ligação entre eles está bem definida”, detalhou o delegado da Polícia Civil, Cyro Outeiro.

Ataque premeditado e movido por inveja: o que diz a investigação

A Polícia Civil e o Ministério Público descartaram rapidamente hipóteses como bullying, misoginia, ou envolvimento com seitas e grupos extremistas. A motivação, segundo os próprios depoimentos e as evidências coletadas, foi a inveja.

“O policial militar que o apreendeu ouviu da boca dele o seguinte: ‘Eu fiz porque tinha inveja do fato de ela simbolizar a alegria que eu não tinha’”, revelou o promotor Diego Aguilar. Essa declaração, somada às imagens das câmeras de segurança da escola e aos materiais apreendidos, como o caderno do autor do crime, reforçaram a tese da premeditação.

De acordo com a promotora Fernanda Fiorati, o caderno do adolescente continha textos diversos, muitos com teor poético e filosófico. “Ficou claro que ele tinha gosto por poesia, por escrever, principalmente nas aulas de Filosofia. São textos que mencionam o que ele sente. E, junto desses textos, aparecem, aleatoriamente, alguns símbolos — mas que, em nenhum momento, foram relacionados a seitas religiosas ou a grupos extremistas”, esclareceu.

Os dois adolescentes seguem internados provisoriamente em Uberaba e aguardam sentença judicial, prevista para até junho. Conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a medida socioeducativa de internação é a mais severa permitida para menores de idade e tem duração máxima de três anos. “Gostem ou não gostem, é o que a lei determina. Essa é a punição, que, na verdade, é uma medida socioeducativa”, afirmou o promotor André Tuma.

Como a escola, o governo e a sociedade reagiram ao crime

Diante da tragédia, o Colégio Livre Aprender divulgou uma nota pública lamentando profundamente o ocorrido. A instituição informou que prestará assistência psicológica à comunidade escolar — estudantes, professores e familiares — para lidar com os traumas causados pelo episódio.

A Prefeitura de Uberaba também manifestou solidariedade à família da vítima e decretou luto oficial de três dias em memória da jovem. As aulas na escola foram retomadas na segunda-feira seguinte ao crime, no dia 19 de maio, com o acompanhamento de uma equipe do Ministério da Educação (MEC), que tem prestado suporte à instituição no processo de retomada das atividades.

O caso gerou ampla comoção em todo o país, reacendendo o debate sobre segurança nas escolas, o papel da família e do Estado na prevenção de tragédias como essa, além da urgente necessidade de atenção à saúde mental de crianças e adolescentes.

O promotor André Tuma destacou o trabalho criterioso da Polícia Civil como fundamental para esclarecer rumores e fake news que começaram a circular após o crime. “Não há outros envolvidos no planejamento. Não há grupos de internet, seitas, bullying, nada disso. Da mesma forma que não há lista de vítimas. Não há um plano em andamento”, concluiu.

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