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Ônibus de Turismo Despenca no Rio Tocantins

Uma madrugada que terminou em desespero no norte do Tocantins

A madrugada deste domingo (26/10) foi marcada por uma cena de horror e desespero em Tocantinópolis, no norte do Tocantins. Um ônibus de turismo que transportava 48 passageiros e dois motoristas despencou no Rio Tocantins durante a tentativa de embarque em uma balsa na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, local conhecido por ser a principal via de acesso à travessia fluvial da cidade.

De acordo com informações da Polícia Militar do Tocantins (PMTO), o acidente ocorreu por volta de 0h20 e teria sido provocado por uma falha no sistema de freios do veículo. O impacto foi tão forte que o ônibus, da empresa Gustavo Turismo, rompeu a barreira de proteção metálica e mergulhou parcialmente nas águas do rio.

O momento em que o controle se perdeu

Testemunhas relataram que o ônibus se aproximava lentamente da rampa de embarque quando, de repente, começou a acelerar desgovernadamente. O motorista tentou frear, mas o sistema não respondeu. Em questão de segundos, o veículo atravessou a barreira de proteção e caiu na água.

Imagens gravadas por moradores e compartilhadas nas redes sociais mostram o ônibus parcialmente submerso, sustentado apenas pela baixa profundidade do rio naquele ponto. Essa condição, segundo os bombeiros, foi crucial para evitar uma tragédia ainda maior, já que impediu que o veículo afundasse completamente.

Nos vídeos, é possível ver passageiros em pânico, tentando sair pelas janelas e gritando por ajuda. Alguns ainda em choque relataram o desespero de sentir o ônibus deslizando em direção à água sem conseguir fazer nada para impedir. “Foi tudo muito rápido. Quando percebemos, já estávamos dentro do rio”, contou uma passageira visivelmente abalada.

Passageiros conseguiram escapar antes da queda total

A PMTO informou que, dos 50 ocupantes do veículo, dois ficaram feridos levemente: um homem de 31 anos e uma criança de 7 anos. Ambos receberam atendimento médico imediato e foram liberados após avaliação hospitalar.

Alguns passageiros conseguiram sair por conta própria antes mesmo de o ônibus cair totalmente no rio, ao perceberem que o veículo estava desgovernado no momento da aproximação à balsa. Esses relatos reforçam a hipótese de que a falha mecânica pode ter ocorrido segundos antes do impacto final.

O motorista escapou pelas janelas, mas o colega não teve a mesma sorte

O motorista que conduzia o ônibus no instante do acidente conseguiu escapar pelas janelas laterais. Ele sofreu apenas escoriações leves, mas ficou em estado de choque com o ocorrido. Segundo as autoridades, o condutor foi encaminhado à delegacia para prestar depoimento.

Em sua primeira declaração, o motorista afirmou que “tentou frear o veículo, mas o sistema não respondeu”, tornando impossível evitar a colisão com a estrutura da balsa. Essa versão reforça a linha inicial de investigação sobre uma falha mecânica nos freios.

No entanto, o cenário foi muito mais trágico para o segundo motorista, um jovem de 25 anos, que descansava no compartimento do bagageiro — prática comum em viagens longas de revezamento de condução. Com a queda do ônibus, o compartimento ficou totalmente submerso, impedindo qualquer tentativa de fuga. O motorista foi encontrado sem vida, vítima de afogamento.

Equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins (CBMTO) realizaram o resgate do corpo, que foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para os procedimentos periciais.

Resgate rápido e investigações em andamento

Logo após o acidente, equipes da Polícia Militar isolaram a área e acionaram o Corpo de Bombeiros, a Polícia Civil e a perícia técnica para dar início ao trabalho de remoção do veículo e apuração das causas.

Um inquérito foi aberto para investigar se houve negligência da empresa de transporte, falha mecânica ou até mesmo problemas estruturais na área de embarque da balsa. As primeiras análises indicam que o sistema de freios pode ter apresentado defeito durante a manobra de aproximação, mas outras hipóteses não foram descartadas.

Os trabalhos de retirada do ônibus foram considerados delicados, devido ao risco de o veículo se deslocar e afundar completamente. Durante toda a madrugada, mergulhadores do CBMTO permaneceram no local, garantindo a segurança e o isolamento da área até a conclusão dos procedimentos.

Uma cidade em luto e busca por respostas

A tragédia provocou profunda comoção em Tocantinópolis. Moradores se reuniram nas margens do rio durante a madrugada, acompanhando com apreensão o trabalho das equipes de resgate. Relatos de choros, orações e desespero tomaram conta do local.

A Prefeitura de Tocantinópolis informou que deve emitir uma nota oficial ainda nas próximas horas, prestando solidariedade às vítimas e às famílias atingidas. Já a empresa Gustavo Turismo, responsável pelo transporte, ainda não divulgou comunicado oficial sobre o caso.

Enquanto isso, familiares do motorista falecido aguardam a liberação do corpo para velório e sepultamento. Amigos e colegas de profissão lamentaram nas redes sociais, descrevendo o jovem como “dedicado, responsável e sempre prudente na direção”.


Reflexão: quando tragédias revelam falhas que poderiam ser evitadas

O acidente em Tocantinópolis levanta uma discussão importante sobre a segurança no transporte rodoviário e fluvial no Brasil. Acidentes causados por falhas mecânicas continuam sendo uma das principais causas de mortes em rodovias, especialmente em veículos de grande porte e uso turístico.

O caso também chama atenção para a necessidade de manutenção rigorosa e fiscalização constante dos veículos e das estruturas de embarque em balsas — locais que, muitas vezes, operam com pouca supervisão e sem padrões claros de segurança.

Enquanto as investigações seguem, o que permanece é o sentimento de tristeza e incredulidade de uma comunidade que, em poucos minutos, viu uma noite de viagem tranquila se transformar em uma madrugada de tragédia e perda.


Conclusão:
A queda do ônibus no Rio Tocantins não foi apenas um acidente — foi um lembrete doloroso de como pequenas falhas podem ter consequências devastadoras. Agora, autoridades e familiares aguardam respostas e cobram justiça, enquanto Tocantinópolis tenta se reerguer do trauma de uma madrugada que ficará marcada para sempre na memória de seus moradores.

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