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Médica é ɑgredidɑ na UPA por se negar a dar o…Ver mais

Neste domingo (17/08), o programa Fantástico trouxe ao público uma reportagem que expôs um problema cada vez mais preocupante: a violência crescente contra profissionais da saúde em todo o Brasil. Entre os casos abordados, chamou atenção o relato da médica Giovana Paliares, agredida dentro de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em São Bernardo do Campo (SP).

O episódio chocou não apenas pela brutalidade, mas também por revelar uma realidade que, infelizmente, tem se tornado comum em hospitais e postos de atendimento: médicos, enfermeiros e técnicos sendo atacados enquanto cumprem sua missão de salvar vidas.


O ataque que mudou a vida de uma médica

Giovana Paliares relembrou em entrevista os momentos de terror que viveu ao ser agredida por uma paciente identificada como Miria Fonseca Pereira. O estopim para a violência foi a recusa de um atestado médico solicitado pela mulher.

Ela disse que era para eu aprender a não recusar atestados. Começou a me xingar e, logo em seguida, partiu para a agressão. A paciente apresentava apenas dor no ombro, sem restrição de movimento. Tanto que conseguiu me atacar com socos e puxões de cabelo”, relatou a médica.

O ataque deixou marcas físicas e psicológicas. Giovana perdeu fios de cabelo ao ser agarrada e levou socos no rosto e no corpo. Desde então, confessa que não conseguiu retornar à rotina normal de atendimentos, vivendo sob o constante medo de sofrer novas agressões.


Segurança falha: quando o botão de pânico não é suficiente

A UPA onde o caso aconteceu possui um sistema de segurança considerado essencial: um botão de pânico que aciona a Guarda Municipal e empresas de vigilância privada. Porém, na prática, a eficácia do recurso está longe do ideal.

Segundo relatos de funcionários, a resposta nem sempre é imediata, o que torna o dispositivo quase simbólico em situações de risco real. Isso reforça a sensação de vulnerabilidade entre os profissionais que, além de atenderem pacientes em situações de emergência, ainda precisam se preocupar com a própria integridade física.


A versão da paciente e o peso das provas oficiais

Em contato com a produção do Fantástico, a paciente Miria apresentou uma versão diferente do ocorrido. Ela alegou que a médica estaria acompanhada do namorado no consultório e que se recusava a atender os pacientes.

Contudo, documentos oficiais desmentem essa narrativa. A ficha médica comprova que Miria foi devidamente atendida, medicada e liberada, reforçando que a agressão partiu de uma insatisfação pessoal, e não de uma suposta negligência profissional.


Violência contra médicos: números que preocupam

O caso de Giovana é apenas a ponta do iceberg. Segundo dados apresentados na reportagem, nos últimos cinco anos, quase 15 mil médicos registraram boletins de ocorrência por agressões físicas ou verbais sofridas no exercício da profissão.

Esse número escancara a precariedade das condições de trabalho em um setor já sobrecarregado. Para além das longas jornadas, da falta de estrutura e da pressão emocional, os profissionais da saúde agora enfrentam o medo constante da violência dentro de locais que deveriam ser espaços de acolhimento.


Quando o medo supera a vocação

A agressão sofrida por Giovana representa mais do que um episódio isolado: reflete a exaustão e o desgaste de uma categoria que se vê desprotegida. Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem relatam que a insegurança tem provocado adoecimento psicológico e até afastamentos do trabalho.

No caso da médica, o trauma foi imediato. “Desde o ataque, vivo sob o medo constante de ser novamente vítima de violência em meu local de trabalho”, desabafou.

Essa sensação de ameaça mina a confiança no exercício da profissão e gera um impacto direto na qualidade do atendimento prestado à população, que também sofre as consequências dessa realidade.


Urgência de medidas: como proteger quem cuida da população?

A violência contra profissionais da saúde não pode ser tratada como casos isolados. É preciso que governos, instituições de saúde e a sociedade como um todo reconheçam a gravidade do problema e adotem medidas eficazes.

Entre as soluções apontadas por especialistas estão o reforço da segurança em unidades de atendimento, a criação de protocolos claros de proteção aos profissionais e a conscientização da população sobre o respeito aos trabalhadores da saúde.

Enquanto essas mudanças não acontecem, médicos como Giovana continuam convivendo com o medo e a frustração de exercer sua profissão sob ameaça constante.


👉 O episódio de São Bernardo do Campo é um alerta. Cuidar da saúde de uma nação começa, antes de tudo, por garantir a segurança e a dignidade daqueles que se dedicam a salvar vidas todos os dias.

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