“Não posso ter vergonha”, dispara Preta Gil ao ‘Fantástico’ após amputar o… ver mais

Preta Gil, artista consagrada da música e da televisão brasileira, tem protagonizado uma das histórias mais inspiradoras e emocionantes dos últimos tempos. Desde que recebeu o diagnóstico de câncer colorretal em janeiro de 2023, a cantora vem usando sua voz não apenas para cantar, mas também para conscientizar, emocionar e fortalecer quem enfrenta batalhas semelhantes. Com coragem incomum, ela transformou dor em empatia, medo em informação e fragilidade em força.
Ao abrir publicamente os detalhes de sua luta pela vida, Preta não apenas quebrou tabus, mas também ajudou a iluminar caminhos para aqueles que silenciosamente sofrem. Sua trajetória é um verdadeiro manifesto sobre resiliência, esperança e dignidade diante da adversidade.
Quando o Diagnóstico Chega: O Início de uma Batalha Corajosa
Aos 50 anos, Preta Gil recebeu uma notícia que mudaria completamente os rumos de sua vida: um tumor maligno no reto. Sintomas como constipação intensa, presença de muco e sangue nas fezes serviram de alerta, levando-a rapidamente a procurar ajuda médica. O diagnóstico não foi apenas um choque pessoal, mas um chamado à ação.
Desde o primeiro momento, Preta decidiu não se calar. Usando suas redes sociais como ferramenta de apoio e informação, ela passou a relatar com honestidade a rotina de tratamentos, as dores, os medos e também os aprendizados. Sua intenção era clara: “desmistificar o câncer” e humanizar a doença.
O tratamento começou com sessões de quimioterapia, e logo se revelou uma jornada árdua. Em abril de 2023, durante o quinto ciclo, Preta sofreu uma grave complicação: uma sepse, infecção generalizada que a levou à UTI. A internação foi intensa, o risco era real, mas, mais uma vez, a artista se mostrou resiliente. Aquela fase sombria serviu como combustível para sua determinação em lutar ainda mais.
A Cirurgia que Mudou Tudo: Amputação do Reto e a Realidade da Colostomia
Em agosto de 2023, Preta Gil passou por uma cirurgia que marcaria definitivamente sua vida. O procedimento, realizado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, durou cerca de 15 horas e teve como objetivo principal a retirada total do tumor. Devido à proximidade do câncer com o ânus, foi necessário amputar o reto. Além disso, o útero, os ovários e o apêndice também foram retirados para evitar a disseminação da doença.
A cirurgia trouxe mudanças profundas. Preta passou a utilizar uma bolsa de colostomia definitiva, dispositivo que coleta fezes por meio de uma abertura no abdômen. Longe de esconder essa nova realidade, ela escolheu enfrentá-la com bravura: “Tudo nessa doença é um grande tabu. Eu amputei o reto e não posso ter vergonha, porque é a minha realidade”, declarou em entrevista ao Fantástico, emocionando o país.
Com sua postura transparente, ela ajudou a quebrar estigmas sobre um tema ainda cercado de preconceito. Além da adaptação física, Preta iniciou fisioterapia pélvica e um processo de reabilitação intenso para fortalecer o corpo e adaptar-se às novas condições de vida.
Um Recomeço Interrompido: O Duro Impacto da Recidiva
Mesmo com todo o esforço e o sucesso inicial da cirurgia, em agosto de 2024 Preta Gil foi surpreendida por uma notícia devastadora: o câncer havia retornado. Dessa vez, de forma mais agressiva, com a presença de quatro novos focos — dois nos linfonodos, um no ureter e outro com metástase no peritônio.
Sem tempo a perder, Preta se preparou para uma nova cirurgia em dezembro de 2024. Mais uma vez internada no Sírio-Libanês, enfrentou um procedimento de 21 horas, descrito como extremamente delicado e de altíssimo risco. Ficou quase dois meses internada, recebendo cuidados intensivos, monitorada dia e noite. Os relatos médicos apontavam para uma recuperação surpreendente, reflexo não apenas da competência médica, mas também da força mental e espiritual da cantora.
Durante esse período, o apoio familiar foi decisivo. O pai, Gilberto Gil, esteve presente, assim como o filho Francisco Gil. Amigos próximos e fãs de todo o país se uniram em orações e mensagens de carinho. Em busca de soluções, Preta ainda consultou uma oncologista em Nova York, evidenciando sua luta incessante por alternativas eficazes de tratamento.
Voz Ativa e Consciente: Preta Gil Transforma Dor em Propósito
Ao longo de sua trajetória contra o câncer, Preta Gil deixou claro que não se trata apenas de uma batalha pessoal. Ela transformou sua experiência em uma plataforma de informação, acolhimento e empoderamento para milhares de brasileiros. Por meio de entrevistas, lives e depoimentos, tem falado abertamente sobre temas como incontinência fecal, colostomia e as dificuldades emocionais que acompanham o processo.
Sua fala sincera no Fantástico impactou o público ao humanizar a condição de pacientes oncológicos: “Eu amputei o reto e não posso ter vergonha, porque é a minha realidade.” Ao desmistificar os efeitos da doença e dos procedimentos, ela mostrou que é possível, sim, viver com qualidade, mesmo em situações adversas.
Preta também enfatiza a importância do diagnóstico precoce e da escuta ativa do próprio corpo. “Cuidem-se. Façam exames. Prestem atenção aos sinais”, alerta, com a autoridade de quem viveu, na pele, as consequências de um diagnóstico complexo.
Fé, Música e Amor: Os Alicerces na Recuperação de Preta
Em meio às provações, a fé tem sido um dos pilares mais fortes de Preta Gil. Em diversos momentos, ela compartilhou sua espiritualidade como fonte de renovação e coragem. A cantora também reconhece o papel fundamental do apoio familiar e dos amigos. Em um dos episódios mais tocantes de sua internação, Gilberto Gil tocou violão para a filha enquanto ela se recuperava, uma cena carregada de emoção e ternura.
O filho Francisco, sempre presente, reforça a conexão afetiva que sustenta Preta nos dias mais difíceis. A equipe médica, enfermeiros e fisioterapeutas também foram frequentemente mencionados com gratidão em suas redes sociais, formando um verdadeiro exército do bem ao seu redor.
Mesmo enfrentando longos períodos de internação, Preta não perdeu sua essência. Continuou compartilhando mensagens positivas, reforçando sua “sede de viver” e demonstrando a vontade de continuar sua carreira e sua missão artística. Sua autobiografia, Preta Gil: Os Primeiros 50, lançada em comemoração a seu cinquentenário, hoje também serve como símbolo de força, superação e identidade.
Um Legado que Vai Além do Palco: Coragem, Verdade e Inspiração
Mais do que uma figura pública enfrentando uma doença grave, Preta Gil se tornou um ícone de coragem e superação para o Brasil. Ao abrir sua intimidade, ela mostrou que não há vergonha em ter um corpo que mudou, em chorar diante da dor ou em precisar de ajuda. Ela fez da vulnerabilidade uma bandeira de empatia.
Preta ensina, todos os dias, que é possível transformar a dor em aprendizado e a doença em luta coletiva. Sua jornada reforça a importância da conversa franca sobre câncer colorretal, dos exames de rotina e da aceitação dos próprios limites.
Enquanto a vida segue e novos capítulos se escrevem em sua história, uma certeza permanece: Preta Gil é uma guerreira que ilumina os caminhos daqueles que caminham na escuridão do medo e da incerteza. Sua história não é apenas dela — é um farol de esperança para todos nós.