Adolescente de 14 anos m0rre ao ‘dar grau’ em via pública e também mat…Ver mais

Um acidente que interrompeu uma vida em plena juventude
A perda precoce de jovens em acidentes de trânsito segue sendo uma das maiores dores enfrentadas por famílias brasileiras e um dos maiores desafios das autoridades. Cada tragédia desse tipo não é apenas um número em relatórios oficiais, mas a interrupção brusca de sonhos, trajetórias e histórias que estavam apenas começando.
No último domingo, 28 de setembro, mais uma fatalidade abalou a cidade de Bezerros, no Agreste de Pernambuco. O adolescente Kayc Gabriel da Silva, de apenas 14 anos, perdeu a vida em um acidente envolvendo motocicleta.
De acordo com informações repassadas pela Polícia Civil, Kayc estava em um encontro com amigos quando decidiu realizar manobras conhecidas popularmente como “grau”. Durante uma dessas tentativas, acabou colidindo de frente com outra moto. O impacto foi tão forte que o jovem não resistiu e faleceu no local, deixando familiares, amigos e vizinhos em choque.
O que dizem as investigações sobre a tragédia
Logo após o acidente, a Delegacia de Bezerros foi acionada para registrar a ocorrência e dar início às investigações. Em nota oficial, a instituição informou que seguirá apurando os detalhes do caso para esclarecer completamente as circunstâncias que levaram ao acidente.
Testemunhas relataram às autoridades que manobras perigosas, como empinar motocicletas, eram práticas comuns entre adolescentes da região. Muitos desses jovens sequer possuíam habilitação ou experiência necessária para conduzir veículos em situações de risco, o que aumenta exponencialmente a probabilidade de acidentes graves.
A cultura do “grau” e os riscos escondidos por trás da adrenalina
A manobra conhecida como “dar grau” consiste em erguer a roda dianteira da moto e tentar manter o equilíbrio apenas com a traseira. Para alguns, pode parecer demonstração de habilidade. Mas, na prática, trata-se de uma infração gravíssima prevista no Código de Trânsito Brasileiro, que pode resultar em multas pesadas, pontos na carteira e até na apreensão do veículo.
Mais do que isso, a prática é extremamente perigosa e frequentemente resulta em quedas, colisões e tragédias — como a que vitimou Kayc Gabriel.
Especialistas em segurança viária são categóricos: a combinação de inexperiência, busca por adrenalina e influência das redes sociais cria um cenário alarmante.
O impacto das redes sociais no comportamento dos adolescentes
A popularização de vídeos de manobras radicais em plataformas digitais tem forte impacto sobre os jovens. Muitos deles, ao assistirem às cenas, sentem-se incentivados a reproduzir as ações sem preparo técnico, sem equipamentos de proteção e, muitas vezes, sem sequer possuírem habilitação.
“Quando adolescentes tentam imitar o que veem na internet, se expõem a situações de altíssimo risco. Um erro mínimo pode custar a vida”, alertam especialistas.
Esse fenômeno reforça a necessidade de campanhas educativas mais robustas, que destaquem não apenas as penalidades legais, mas também os perigos reais de manobras como essa. É preciso falar diretamente com os jovens e suas famílias, mostrando que por trás de cada vídeo chamativo pode estar uma tragédia anunciada.
Acidentes de trânsito: uma das principais causas de morte entre jovens
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que os acidentes de trânsito estão entre as principais causas de morte na faixa etária de 10 a 19 anos. No Brasil, os índices permanecem altos, refletindo um cenário preocupante e a urgência de fortalecer a conscientização sobre segurança no trânsito.
Autoridades defendem que apenas medidas de fiscalização não são suficientes. É preciso investir em educação viária desde cedo, transformando o aprendizado em cultura de preservação da vida. A combinação de conscientização, fiscalização e responsabilidade social é o caminho mais eficiente para reduzir as estatísticas de mortes precoces.
Dor, reflexão e a necessidade de transformação coletiva
A despedida precoce de Kayc Gabriel da Silva não pode ser encarada como um caso isolado. Ela é um chamado à reflexão coletiva. A comunidade de Bezerros mergulhou em luto, mas também levantou um alerta: tragédias como essa não podem se repetir.
Cada vida perdida no trânsito representa uma ausência insubstituível. Mais do que lamentar, é preciso transformar a dor em aprendizado. Isso passa pelo diálogo entre famílias, escolas, comunidades e poder público.
A morte de Kayc é, infelizmente, uma lembrança dura de que imprudência e falta de preparo podem custar a vida. Que sua história sirva como marco para que outros adolescentes não corram o mesmo risco.



