
Na manhã desta sexta-feira (25), o Rio de Janeiro amanheceu envolto por uma aura de dor, gratidão e reverência. No imponente Theatro Municipal, uma multidão se formava em silêncio e respeito, pronta para se despedir de uma das figuras mais luminosas da música e da cultura brasileira: Preta Gil. A cantora, que encantou o país com sua coragem, irreverência e generosidade, foi homenageada por fãs, amigos e familiares em uma cerimônia comovente, marcada por rituais de afeto, aplausos de gratidão e uma onda coletiva de emoção.
Vestidos de branco, em sintonia com o desejo da artista, milhares compareceram ao local para dar seu último adeus. O velório, aberto ao público desde as 9h, rapidamente transformou-se em um espaço de comunhão onde lágrimas se misturavam a memórias de alegria, liberdade e amor — marcas eternas da trajetória de Preta.
Gilberto Gil: um pai em silêncio diante do adeus mais doloroso
O momento mais impactante do dia aconteceu no início da tarde. Ao chegar ao Theatro Municipal, Gilberto Gil, pai da cantora, rompeu o silêncio da dor com um gesto que falou mais alto que qualquer palavra. Vestido inteiramente de branco, o músico surgiu sereno, mas devastado, e se aproximou do caixão com passos lentos e firmes. Então, em um instante de profunda conexão e despedida, ele se inclinou e beijou a testa da filha.
A cena, carregada de simbolismo e ternura, comoveu os presentes. A plateia, visivelmente tocada, reagiu com um coro espontâneo e emocionado: “Força, Gil!”. Ali, não era apenas um ícone da MPB sendo consolado, mas um pai que perdia sua filha — e um país que se via espelhado naquela dor.
Ao seu lado estavam a esposa, Flora Gil, a ex-mulher Sandra Gadelha (mãe de Preta), a filha Bela Gil e a atriz Fernanda Torres, amiga próxima da família. O branco das roupas não era mero detalhe: representava a fé, a paz e o amor que sempre guiaram Preta em vida — e que continuam ecoando mesmo após sua partida.
Francisco Gil transforma saudade em poesia e toca o coração do país
Outro momento de grande comoção foi protagonizado por Francisco Gil, filho único de Preta com o ator Otávio Müller. O jovem músico, de 30 anos, chegou acompanhado da namorada, a atriz Alane Dias, e foi imediatamente acolhido por abraços silenciosos e olhares solidários.
Mas foi antes mesmo da cerimônia que Francisco deu voz à dor de uma geração. Em uma carta publicada nas redes sociais, ele compartilhou os últimos momentos ao lado da mãe e revelou a profundidade de seu amor e admiração por ela.
“Na nossa última noite juntos, você dormia e eu acompanhava cada respiração sua. Você segurava minha mão com força… E eu sem entender de onde você estava tirando aquela força. […] O motor da sua vida sempre foi amar e amar sempre foi o seu maior dom.”
O texto viralizou, emocionando milhões de brasileiros e eternizando em palavras o que muitos sentem, mas não conseguem expressar. Francisco não apenas homenageou Preta — ele consolidou, com sensibilidade e arte, o legado de uma mãe que viveu com paixão e partiu cercada de amor.
Uma vida de coragem, autenticidade e amor sem limites
Mais do que uma artista, Preta Gil foi uma força transformadora. Enfrentou preconceitos de frente, desafiou padrões impostos e fez de sua trajetória pessoal uma bandeira em defesa da liberdade, da diversidade e da inclusão. Sua voz — potente, honesta e vibrante — ecoou além dos palcos e se firmou como símbolo de resistência e empatia.
Preta não teve medo de ser quem era. Amou com intensidade, lutou com firmeza e compartilhou suas dores e conquistas com o público de forma transparente. Sua luta contra o câncer, seus posicionamentos públicos e sua presença nas redes sociais fizeram dela um ícone contemporâneo do afeto e da luta por dignidade.
Sua vida familiar também sempre foi uma parte importante da sua narrativa. A presença de Sandra Gadelha e Gilberto Gil — lado a lado no momento mais difícil — simbolizou mais uma vez o poder do amor e da união, valores que Preta tanto defendeu.
O país inteiro em luto: homenagens ecoam em todo o Brasil
A comoção pela perda de Preta ultrapassou os muros do Theatro Municipal e ganhou as ruas, as redes sociais e os meios de comunicação. Artistas, influenciadores, jornalistas e anônimos prestaram tributo à cantora, compartilhando músicas, lembranças e agradecimentos por tudo que ela representou.
Em plataformas digitais, milhares de mensagens tomaram conta das timelines. A hashtag #PretaGilEterna foi uma das mais comentadas do dia, mostrando que o impacto de sua trajetória tocou profundamente o coração do povo brasileiro. Não era apenas o luto por uma cantora: era o adeus a uma mulher que personificava coragem, afeto e autenticidade.
Nos portais de notícia e na televisão, imagens da despedida foram transmitidas ao vivo, permitindo que fãs de todo o país pudessem participar, mesmo à distância, dessa despedida histórica. Em diversas cidades, rodas de samba, cultos e cerimônias inter-religiosas foram organizadas para homenageá-la — prova de que seu legado atravessa estilos, crenças e gerações.
O legado que Preta Gil deixa é feito de música, afeto e revolução
Preta Gil não foi apenas uma cantora. Ela foi um símbolo de transformação em uma sociedade que muitas vezes oprime quem ousa ser diferente. Sua arte e sua postura pública abriram caminhos para outras mulheres, corpos diversos e vozes silenciadas.
Ela mostrou, com sua vida, que é possível viver com intensidade, amor e verdade — mesmo diante das maiores adversidades. Fez da dor poesia, do corpo bandeira, da maternidade fortaleza e da música ponte de conexão entre almas.
Sua luta contra o câncer foi travada com a mesma força que marcou toda sua carreira. Ela compartilhou o processo, humanizou o sofrimento e deu esperança a milhares que enfrentam batalhas semelhantes. Mesmo na reta final, escolheu amar, agradecer e celebrar a vida.
“O motor da sua vida sempre foi amar” — a frase de Francisco Gil não é apenas um tributo, mas uma síntese do que Preta representou.
Preta Gil partiu, mas seu brilho jamais será apagado
Na sexta-feira, o Brasil não apenas enterrou uma artista. Enterrou uma amiga, uma filha, uma mãe, uma referência. Mas o brilho de Preta Gil não se apaga. Ele vive nos corações que tocou, nas músicas que cantou, nas lutas que enfrentou e nas vidas que transformou com sua luz.
Seus fãs seguirão ouvindo sua voz, suas palavras seguirão inspirando, e seu nome continuará sendo lembrado com carinho, respeito e saudade.
Preta Gil se despediu com a mesma força que teve em vida — cercada de amor, acolhida por multidões e embalada por aplausos sinceros. Ela não se foi sozinha. Levou com ela um pedaço do Brasil que aprendeu a amar mais, a ser mais livre e a se aceitar como é.
Preta Gil vive — nas memórias, nas músicas e na coragem de quem continua a lutar por um mundo mais amoroso, justo e verdadeiro.
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