Antes da morte Juliana a brasileira do vulcão grava seu último vídeo dizendo q… Ver mais

O que começou como uma viagem de autoconhecimento entre duas mulheres de diferentes partes do mundo terminou em dor, mistério e uma despedida que ninguém imaginava enfrentar. A brasileira Juliana Marins embarcou em uma aventura que prometia paisagens exuberantes e lembranças inesquecíveis. No entanto, o que deveria ser uma trilha rumo ao topo do vulcão Rinjani, na Indonésia, se transformou em uma das histórias mais comoventes e enigmáticas da temporada.
Ao lado da italiana Federica Matricardi, Juliana compartilhou risos, vídeos e passos exaustos até o cume — mas apenas uma delas retornaria para contar o que aconteceu. As palavras de Federica, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, ajudam a montar o quebra-cabeça das últimas horas vividas por Juliana:
“Nos conhecemos na véspera. Estávamos sozinhas e decidimos fazer a trilha juntas. Foi um caminho duro. Subimos cerca de 1.500 metros até o topo.”
Duas desconhecidas, unidas pelo espírito aventureiro, que se encontraram num cenário de beleza avassaladora e desafios extremos — e que, sem saber, escreveriam juntas os últimos capítulos da vida de uma delas.
Quando o Sonho Vira Pesadelo: O Desaparecimento de Juliana
A subida até o cume foi desafiadora, com o frio cortante e a névoa espessa cobrindo a paisagem. Ainda assim, Juliana e Federica seguiram firmes, motivadas pela vontade de viver algo único. Gravaram vídeos, sorriram diante do céu nublado e, mesmo frustradas pela vista encoberta, celebraram a conquista.
No retorno, porém, o clima mudou. Federica seguia à frente, enquanto Juliana caminhava logo atrás, acompanhada de um guia local identificado como Ali Musthofa. A versão do guia, que mais tarde prestaria depoimento às autoridades, reforça que em nenhum momento deixou Juliana sozinha. Mas então, tudo se perdeu em segundos.
Um ruído abrupto. Um sumiço sem aviso. Uma queda silenciosa em meio às pedras e à vegetação densa.
Foi ali que Juliana desapareceu — sem gritos, sem alarde, apenas o vácuo assustador de quem some diante de nossos olhos.
O pânico tomou conta. As buscas começaram imediatamente, mas esbarraram em obstáculos que pareciam saídos de um filme de suspense: terreno acidentado, clima instável e a urgência de salvar uma vida que talvez ainda pulsasse em algum canto escondido da montanha.
As Imagens que Ninguém Queria Ver: O Avistamento pelo Drone
A tensão se intensificava a cada minuto. Enquanto equipes de resgate percorriam trilhas íngremes, um grupo de turistas equipado com um drone decidiu ajudar. E foi esse gesto que mudou tudo.
Três horas e meia após o desaparecimento, o drone capturou uma imagem que gelou o sangue de quem assistia:
Entre as rochas, o corpo de uma mulher imóvel, vestindo jeans, camiseta, tênis e luvas. Era Juliana.
Naquele momento, ainda restava uma esperança silenciosa: talvez ela estivesse viva, apenas inconsciente. Mas as condições climáticas — com ventos fortes e chuvas frequentes — tornavam o resgate extremamente delicado. Mesmo assim, uma onda de solidariedade se espalhou pelas redes sociais. Familiares, amigos e desconhecidos do mundo inteiro formaram uma corrente de fé, compartilhando mensagens de apoio e pedindo orações.
A cada dia, a apreensão crescia. A montanha cobrava caro. Mas ninguém estava disposto a desistir.
Quatro Dias de Agonia: O Anúncio Que Partiu Corações
No quarto dia de buscas, a confirmação veio com a frieza dos comunicados que não deixam espaço para esperanças:
Juliana Marins foi encontrada sem vida.
A notícia foi divulgada oficialmente pela família na manhã de terça-feira, 24 de junho, em uma nota carregada de emoção:
“Agradecemos a todos que estiveram conosco neste momento tão difícil. Juliana era luz e levou consigo nosso amor eterno.”
O corpo de Juliana foi finalmente retirado da área de difícil acesso, após uma das operações de resgate mais complexas já registradas no Monte Rinjani. As condições meteorológicas adversas, somadas à geografia hostil, testaram os limites das equipes envolvidas. Mas, acima de tudo, testaram o emocional de quem, de longe, torcia por um final diferente.
Juliana não era apenas uma turista. Era filha, amiga, sonhadora. Era uma mulher que acreditava na beleza do mundo — e que, infelizmente, encontrou no meio do caminho um destino cruel.
Reflexões que Ficam: Segurança, Responsabilidade e a Fragilidade da Vida
A morte de Juliana levanta questionamentos inevitáveis. O que exatamente aconteceu naquele momento fatídico? Houve negligência? Falta de sinalização? Inexperiência do guia? Ou foi tudo uma terrível coincidência em um ambiente naturalmente perigoso?
Por enquanto, não há respostas definitivas. Mas há aprendizados.
Este caso reacende a discussão sobre a segurança em trilhas de alto risco e a necessidade de regulamentação rigorosa para guias, sinalização e condições climáticas. A Indonésia, país de beleza exuberante e natureza indomável, atrai aventureiros de todos os cantos — mas também impõe desafios extremos.
A história de Juliana é um alerta. Uma lembrança de que, por trás de cada foto sorridente no topo de uma montanha, pode haver riscos que exigem preparo, respeito e cautela. Que o espírito aventureiro precisa caminhar lado a lado com o bom senso.
No fim, a jornada de Juliana é também uma homenagem ao inesperado. Ao elo instantâneo entre duas viajantes solitárias. À confiança depositada em estranhos. À beleza que nos inspira e, às vezes, nos cobra o mais alto preço.
Juliana Marins agora faz parte da paisagem do Rinjani — não como turista, mas como história, memória e alerta.



