Morre Francisco Cuoco, ícone da televisão brasileira. Brasil em choque com causa a da mort… Ver mais

O Brasil amanheceu de luto nesta quinta-feira, 19 de junho de 2025. Aos 91 anos, faleceu em São Paulo o icônico ator Francisco Cuoco, um dos maiores nomes da história da teledramaturgia nacional. Internado há cerca de 20 dias no Hospital Albert Einstein, o ator enfrentava complicações de saúde agravadas pela idade avançada e por uma infecção decorrente de um ferimento.
A confirmação da morte do artista provocou comoção entre fãs, amigos, colegas de profissão e amantes da televisão. Sua partida representa o fim de uma era para milhões de brasileiros que acompanharam, ao longo de décadas, as atuações emocionantes e inesquecíveis do ator.
Da Feira do Brás ao Palco Nacional: Uma História de Superação e Talento
Francisco Cuoco nasceu em 29 de novembro de 1933, no tradicional bairro do Brás, em São Paulo. Filho do feirante italiano Leopoldo Cuoco e de Antonieta, viveu uma infância simples e repleta de desafios. Desde cedo, dividiu seu tempo entre o trabalho nas feiras da cidade e os estudos noturnos, sempre movido por uma determinação que mais tarde o levaria ao estrelato.
Inicialmente, seu sonho era seguir carreira no Direito. Mas o destino lhe reservava outro caminho. Encantado pelas artes cênicas, Cuoco ingressou na Escola de Arte Dramática de Alfredo Mesquita, local que se tornaria o berço de sua paixão pela interpretação.
Sua estreia nos palcos aconteceu na década de 1950, quando passou a integrar renomadas companhias teatrais como o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e o Teatro dos Sete. Ali, atuou ao lado de nomes lendários como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e Fernando Torres. Esses primeiros passos nos palcos foram essenciais para moldar o ator versátil e carismático que o Brasil aprenderia a amar.
Sua incursão na televisão aconteceu em 1957, pela TV Tupi. No entanto, o grande destaque veio em 1966, ao protagonizar a novela Redenção, da TV Excelsior — a mais longa da história brasileira, com impressionantes 596 capítulos.
O Galã Inesquecível da Globo: Personagens que Marcaram Gerações
Em 1970, Francisco Cuoco fez sua estreia na Rede Globo, consolidando ali sua trajetória como um dos maiores galãs da televisão brasileira. Seu primeiro papel na emissora foi o do padre Vítor Mariano, na novela Assim na Terra como no Céu, de Dias Gomes. A partir desse momento, sua carreira entrou em uma escalada de sucessos que atravessaria décadas.
Foi nas mãos da renomada autora Janete Clair que Cuoco ganhou alguns de seus personagens mais memoráveis. Ele deu vida ao ambicioso Cristiano Vilhena em Selva de Pedra (1972), ao carismático taxista Carlão em Pecado Capital (1975) e ao inesquecível Herculano Quintanilha em O Astro (1977).
Cada um desses papéis marcou uma geração, conquistando o público com intensidade emocional, charme e uma presença cênica incomparável. Além de galãs românticos, Cuoco também mergulhou em personagens complexos e multifacetados, como os sósias Denizard e Paulo Della Santa, em O Outro (1987), e políticos de caráter duvidoso, como em Eu Prometo (1983).
Sua versatilidade também brilhou no teatro, com atuações marcantes em peças como O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues. No cinema, ainda que com participações mais esporádicas, deixou sua marca em produções como Gêmeas (1999) e Cafundó (2005).
Uma Luta Silenciosa: Os Últimos Anos e os Desafios de Saúde
Nos últimos anos, Francisco Cuoco enfrentava sérios problemas de saúde. As dificuldades de locomoção, o inchaço nas pernas e o ganho de peso — que o levou a alcançar 130 kg — passaram a limitar suas atividades e o afastaram gradualmente da televisão.
Sua última participação nas telas aconteceu em 2023, na série No Corre, exibida pelo Multishow. Ainda assim, mesmo longe dos estúdios, Cuoco permanecia presente no coração do público e na memória afetiva de quem cresceu assistindo suas novelas.
Em julho de 2024, sua trajetória foi celebrada em grande estilo pela TV Globo, durante o especial Tributo, que emocionou o Brasil ao relembrar os principais momentos de sua carreira. Durante a exibição, Francisco Cuoco emocionou ao refletir sobre sua jornada artística:
“O ator nunca está completo. Há sempre algo que lhe falta. Ser ator é viver num estado de desamparo permanente, que só cessa no encontro com o outro.”
Essa frase resume a essência de sua entrega aos personagens e ao público, refletindo o quanto a arte era parte indissociável de sua vida.
Um Legado Imortal: Francisco Cuoco e a História da TV Brasileira
Ao longo de mais de seis décadas de carreira, Francisco Cuoco construiu um legado que transcende gerações. Foram mais de 20 novelas, incontáveis personagens icônicos e prêmios consagrados, como o APCA e o Troféu Imprensa. Sua capacidade de emocionar, entreter e cativar espectadores permanece viva em cada capítulo reprisado, em cada homenagem e na memória afetiva de milhões de brasileiros.
Na vida pessoal, Cuoco foi casado com a atriz Carminha Brandão entre 1960 e 1964. Posteriormente, uniu-se a Gina Rodrigues, com quem teve três filhos: Tatiana, Rodrigo e Diogo. Desde 2013, mantinha um relacionamento com a estilista Thaís Almeida, que o acompanhou até seus últimos momentos.
A cultura brasileira perde um de seus maiores representantes, mas a história escrita por Francisco Cuoco continuará inspirando artistas e fãs nas próximas décadas. Sua trajetória é um exemplo de dedicação, talento e paixão pela arte.
Como o próprio ator resumiu certa vez: “Não foi à toa” que ele se tornou um símbolo da teledramaturgia nacional. Sua voz, seus gestos e seus personagens continuarão eternos no imaginário coletivo de todos que, de alguma forma, foram tocados por seu trabalho.