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URGENTE: Após depoimento, Bolsonaro acaba de ser… Ver mais

Em meio a um dos momentos mais delicados da história política recente do Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) prestar um dos depoimentos mais aguardados do ano. Investigado por suposta articulação para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022, Bolsonaro se viu no epicentro de uma investigação que ameaça reescrever os bastidores da democracia nacional.

A oitiva ocorreu na Primeira Turma do STF, sob os olhares atentos do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal do chamado “núcleo 1” da trama investigada. E o que era para ser um interrogatório técnico e protocolar ganhou ares de espetáculo — com sarcasmo, frases provocativas e tentativas de driblar as acusações mais graves.


“Quer ser meu vice?”: a ironia que quebrou o clima tenso no STF

Logo no início do depoimento, Bolsonaro escapou do script. Em vez de iniciar sua fala com negações formais ou argumentos jurídicos, lançou uma provocação inusitada que arrancou risos — e também olhares incrédulos:

“Quer ser meu vice nas próximas eleições?”, perguntou ao ministro Alexandre de Moraes, num tom jocoso que misturava desafio e deboche.

O comentário, ainda que aparentemente despretensioso, expôs a tensão latente no ambiente. Muitos viram na frase uma tentativa de minimizar o peso do julgamento, enquanto outros enxergaram ali um traço de sarcasmo que pode pesar negativamente na avaliação dos magistrados.

Apesar do riso desconcertado no plenário, a provocação não disfarçou o clima de pressão. Bolsonaro era o sexto a depor naquela semana, e a expectativa era que sua fala trouxesse luz a reuniões e movimentações de bastidores que ainda permanecem nebulosas.


A “minuta do mal” e a tentativa de limpar a própria imagem

Ao ser confrontado sobre a famosa reunião em que teria circulado uma minuta com teor golpista, Bolsonaro adotou uma postura séria e tentou descolar sua imagem de qualquer tentativa de ruptura institucional:

“Quando se fala de minuta, dá a entender que é uma minuta do mal. Eu refuto qualquer possibilidade de falar em minuta de golpe, ou uma minuta que não esteja enquadrada dentro da Constituição brasileira.”

A defesa do ex-presidente buscou pintar um cenário onde, mesmo que documentos tenham circulado, tudo estaria dentro da legalidade. Bolsonaro admitiu conversas com seu então assessor, Felipe Martins, sobre a utilização da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mas afirmou que todas as discussões tinham amparo legal:

“Tudo estava dentro da legalidade”, disse, reforçando a narrativa de que não havia plano algum para impedir a posse de Lula.

Entretanto, especialistas apontam que essa linha de defesa pode não ser suficiente. Diversos documentos e depoimentos já analisados pelo STF indicam que a reunião mencionada não era meramente consultiva. E, se for comprovado que Bolsonaro tinha ciência ou participou de decisões nesse sentido, o cenário pode se agravar ainda mais.


“Não subi a rampa para evitar vaias”: o lado emocional do ex-presidente

Outro momento simbólico e carregado de significado foi quando Bolsonaro explicou por que se ausentou da cerimônia de posse de Lula, quebrando uma tradição democrática histórica:

“Já não tinha mais nada pra fazer. Não subi a rampa para não me submeter à maior vaia da história do Brasil.”

A frase revela uma faceta emocional do ex-presidente. Em vez de um posicionamento político claro, Bolsonaro justifica sua ausência com base no medo da rejeição pública. A fala também reforça a ideia de que, nos últimos momentos do mandato, ele já não se via mais como parte da transição democrática — um ponto de crítica constante entre juristas e analistas políticos.

Para muitos observadores, o gesto de não passar a faixa e de abandonar o país no momento da posse foi o estopim de um comportamento que pode ser interpretado como omisso, senão deliberadamente desestabilizador.


A negação contínua: da PRF ao 8 de Janeiro, Bolsonaro tenta se isentar

Quando o depoimento enveredou por um dos temas mais espinhosos — a suposta ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para dificultar o acesso de eleitores de Lula às urnas no segundo turno — Bolsonaro foi direto:

“Fiquei sabendo depois. E, pelo que me disseram, todo mundo conseguiu votar.”

A justificativa segue a lógica do negacionismo estratégico: admitir conhecimento apenas posterior, minimizando a gravidade dos fatos. No entanto, investigações paralelas apontam que houve operações concentradas justamente em regiões onde o petista tinha maior vantagem — o que levanta dúvidas sobre o grau de envolvimento do alto escalão do governo da época.

Outro ponto crítico foi o fatídico 8 de Janeiro, quando apoiadores bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes. Mais uma vez, Bolsonaro se esquivou de qualquer responsabilidade:

“Me dá até arrepio falar que aquilo foi tentativa de golpe. Aquilo foi coisa de pobre coitado, não de articulador de golpe.”

A fala tenta dissociá-lo das ações extremistas, retratando os envolvidos como agentes isolados, movidos por desinformação ou frustração — e não como parte de um movimento coordenado com respaldo político.

Contudo, essa estratégia pode esbarrar em evidências que indicam omissão proposital ou, no mínimo, falta de condenação firme dos atos por parte do ex-presidente.


O que esperar agora? STF ainda tem muitas peças para encaixar

O depoimento de Jair Bolsonaro foi, ao mesmo tempo, revelador e evasivo. Em meio a piadas provocativas, negações calculadas e tentativas de se distanciar do núcleo duro das articulações antidemocráticas, o ex-presidente deixou mais perguntas no ar do que respostas definitivas.

As investigações continuam, e o STF já sinalizou que novas oitivas e cruzamentos de dados devem trazer à tona mais detalhes do que se passou nos bastidores entre o fim de 2022 e o início de 2023.

Com dezenas de investigados, documentos em análise e o país ainda tentando cicatrizar as feridas institucionais do 8 de Janeiro, a sensação é de que essa história está longe de terminar. E a pergunta que ecoa em Brasília segue sem resposta:

Até onde essa trama pode nos levar?

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